22 de julho de 2016

SETE DE CADA DEZ OPERADORES DE TELEMARKETING TÊM DOENÇA PSÍQUICA

Assunto será discutido no encontro nordeste de Operadores de Telemarketing


“Um gerente faz a ronda, ditando ordens em voz alta. E há a ronda virtual: cada palavra dita aos clientes é gravada para que a equipe de escuta possa checar se o funcionário seguiu o script da empresa – e se o fez com um ‘sorriso na voz’. Se estiver num dia triste, perde bônus. (…) No caso de um chamado da natureza, um cronômetro marca o tempo que o funcionário leva para atender à urgência fisiológica. Para não perder o bônus, alguns preferem trabalhar de fralda geriátrica”. Esse relato não é de nenhuma cena de um filme, mas a pura verdade encontrada pela jornalista Ana Aranha numa das maiores empresas de telemarketing do Brasil, a Contax.

A reportagem foi divulgada no Repórter Brasil, em fevereiro de 2015, e retrata a dura realidade vivida pelos milhares de operadores de telemarketing no País. E os abusos não são restritos à Contax; todas as demais empresas têm listas e mais listas de denúncias no Ministério do Trabalho.

A categoria é uma das campeãs de doenças ocupacionais. Só em 2013, a Contax do Recife recebeu mais de 23 mil atestados de afastamento devido à LER/Dort (a empresa contava com 14 mil funcionários). Em auditoria do Ministério do Trabalho, também foram verificados altos índices de problemas psíquicos, vocais e auditivos, todos resultado do assédio moral e ritmo acelerado de trabalho.

De acordo com a pesquisadora de sociologia do trabalho da Universidade de Campinas (Unicamp) Selma Venco, nas empresas pesquisadas, de cada dez trabalhadores do setor de teleatendimento, sete apresentam algum distúrbio de natureza psíquica, como depressão e síndrome do pânico. “As doenças aparecem exatamente por conta da pressão a que são submetidos”, explicou. “Existem relatos de supervisores que usam martelo de plástico, aquele de carnaval, para bater na cabeça dos supervisionados. Outros, que usam uma varinha de madeira, sem contar a questão verbal dessa pressão, que chega ao limite da agressão”.

Fonte: Sítio do Jornal A Verdade, em http://www.lutadeclasses.org

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